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Nada muda para classe média com novo IR

Se aprovada no Senado, a proposta do governo de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil deve ser uma das bandeiras na tentativa de reeleição do presidente Lula. Isso é fato e a oposição não teve como votar contra uma proposta como essa, tanto que o projeto foi aprovado na Câmara a unanimidade com 493 votos. Ainda mais depois da lambança que a Câmara fez aprovando a PEC da Bandidagem altamente rejeitada pela sociedade e na semana seguinte enterrada com pompa e circunstância pelo Senado, deixando os deputados mal na fita.

Depois disso quem iria querer ter sua foto nas redes sociais como o político que votou contra a isenção de Imposto de Renda para os mais pobres?

O que o governo está “vendendo”, no entanto, não é assim tão vantajoso para boa parte da população.

Hoje quem ganha até dois salários-mínimos já é isento, portanto a nova lei não muda nada para essa faixa de renda. E a classe média que ganha acima de R$ 7.350,00, também não terá vantagem nenhuma e continuará pagando os 27,5% de imposto. Em resumo, haverá dois sistemas de tributação: um para quem ganha até R$ 7.350 e outro para quem recebe mais que isso. (veja tabela abaixo) 

Mas na política muitas vezes vale mais o discurso (narrativa para os mais modernos) do que a realidade. Nas redes sociais, os governistas já começaram a querer marcar o gol antes da partida começar. Como a proposta compensa a perda de receita com a isenção até R$ 5 mil, taxando quem ganha mais de R$ 50 mil, a mensagem é a do Robin Hood, vai tirar dos ricos para dar aos pobres.

O governo já vinha fazendo uma campanha intensa de comunicação, sobretudo nas redes sociais, ressaltando a desigualdade na tributação entre pobres e ricos no Brasil.

Segundo o governo, a desoneração deve beneficiar até 26,6 milhões de pessoas, o que representa 65% dos contribuintes. Mas desses, cerca de 11 milhões já eram isentos. "Um dia histórico. Começamos a enfrentar nossa principal chaga: nossa inaceitável desigualdade", escreveu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na rede social X.

Outros ministros e parlamentares petistas também surfaram na boa notícia. O presidente Lula comemorou a medida como uma "vitória em favor da justiça tributária e do combate à desigualdade no Brasil" e agradeceu ao presidente da Câmara, Hugo Motta, e ao relator do texto, o deputado Arthur Lira, pela aprovação.

Os deputados aprovaram a medida praticamente na íntegra do projeto enviado pelo governo, mesmo o Centrão tendo feito uma pressão para diminuir a compensação cobrada dos que ganham acima de R$ 50 mil. Chegaram a apresentar quase 100 emendas, mas apenas 3 passaram.

Entre elas, uma que prevê a compensação para Estados e municípios dos recursos que irão perder com a medida. Hoje, os entes federados ficam o imposto de renda descontado de seus servidores na folha de pagamento, sem precisar enviar esses recursos para a União. Como a isenção vai significar perda de receita, eles serão compensados no futuro IBS, o novo imposto criado na Reforma Tributária, que começa a ser testado no próximo ano e começa para valer mesmo em 2027.

Claro que beneficiar 15 milhões de pessoas é uma boa para qualquer político, mas dependendo da faixa de renda a redução do imposto de quem ganha entre R$ 5 e R$ 7,3 mil será muito pequena chegando a pouco mais de R$ 300 reais no ano que vem. Na prática esse grupo de pessoas pouco mais sentir no dia a dia da economia obtida.

Para consolidar sua reeleição, Lula ainda precisa achar alguma medida que agrade a classe média que continua de mal humor com o governo.

Renda mensal*

 

Ganho por mês

 

Ganho anual

 

Ganho em %**

3.036,00

 

-

 

-

 

-

3.400,00

 

27,30

 

354,89

 

10,44%

3.600,00

 

54,76

 

711,89

 

19,77%

3.800,00

 

84,76

 

1.101,89

 

29,00%

4.000,00

 

114,76

 

1.491,89

 

37,30%

4.200,00

 

144,76

 

1.881,89

 

44,81%

4.400,00

 

177,89

 

2.312,57

 

52,56%

4.600,00

 

222,89

 

2.897,57

 

62,99%

4.800,00

 

267,89

 

3.482,57

 

72,55%

5.000,00

 

312,89

 

4.067,57

 

81,35%

5.200,00

 

286,27

 

3.721,46

 

71,57%

5.400,00

 

259,64

 

3.375,28

 

62,51%

5.600,00

 

233,01

 

3.029,10

 

54,09%

5.800,00

 

206,38

 

2.682,93

 

46,26%

6.000,00

 

179,75

 

2.336,75

 

38,95%

6.200,00

 

153,12

 

1.990,57

 

32,11%

6.400,00

 

126,49

 

1.644,40

 

25,69%

6.600,00

 

99,86

 

1.298,22

 

19,67%

6.800,00

 

73,23

 

952,04

 

14,00%

7.000,00

 

46,60

 

605,86

 

8,66%

7.200,00

 

19,98

 

259,69

 

3,61%

7.350,00

 

0,00

 

0,00

 

0,00%

7.400,00

 

0,00

 

0,00

 

0,00%

7.500,00

 

-

 

-

 

0,00%

8.000,00

 

-

 

-

 

0,00%

A tabela não considera os descontos para previdência sobre os quais não incide o IR


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