O Brasil voltou a atrair o interesse das grandes petroleiras. No leilão realizado nesta quarta-feira (22) pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), no Rio de Janeiro, o governo arrecadou R$ 103,7 milhões com a venda de cinco blocos de exploração no pré-sal, todos nas bacias de Santos e Campos. A disputa foi acirrada: o ágio médio sobre o percentual de óleo destinado à União chegou a 91%, e o maior, no bloco Citrino, ultrapassou 250%.
Entre as vencedoras estão a Petrobras, a australiana Karoon Energy, a norueguesa Equinor e as chinesas CNOOC e Sinopec, que juntas devem investir cerca de R$ 451 milhões na fase inicial de exploração. O resultado reforça o apetite por áreas consolidadas e de baixo risco, em contraste com o desinteresse registrado no início do ano por blocos ofertados na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, que não receberam propostas.
O contraste evidencia a concentração de investimentos nas regiões Sudeste e Sul, enquanto estados historicamente ligados ao petróleo, como o RN — pioneiro na produção em terra —, seguem à margem da nova corrida do ouro negro. Parte desse desinteresse também se explica pela disputa com a Foz do Amazonas, nova fronteira exploratória na Margem Equatorial, que vem atraindo grandes companhias e pode canibalizar o potencial potiguar.
Durante o evento, o diretor-geral da ANP, Artur Watt, defendeu que o país não pode abrir mão de explorar suas reservas. “A transição energética precisa acontecer pela demanda, e não pela oferta. Se o Brasil deixar de produzir, outro país vai produzir em nosso lugar”, afirmou.