A polêmica envolvendo a vereadora Brisa Brachi ao destinar recursos para uma festa na Casa Vermelha escancarou uma prática comum no legislativo: a destinação de emendas parlamentares para bandas e artistas ligados, por ideologia ou outras coisitas mais, a esses vereadores para festas e seus redutos eleitorais. O dinheiro público das emendas na prática é usado com finalidade eleitoral e não há festa dessas em que o nome do vereador que destinou a emenda não seja aberta e diretamente citado várias vezes pelo cantor que ele indicou para receber o dinheiro, transformando dinheiro público em capital eleitoral.
É como se, ao destinar dinheiro para a reforma ou construção de uma praça, o vereador já indicasse qual a empreiteira que iria fazer a obra. Mas todo mundo faz que não vê isso.
No caso polêmico da semana o que chamou a atenção foi o nome da festa: Bolsonaro na Cadeira. Foi explícito demais o uso político do dinheiro público. Tanto que a deputada Isolda Dantas que também foi a tal festa fez questão de dizer que estava lá mas não destinou dinheiro nenhum para a festa.
Diante das denúncias, os artistas anunciaram que irão devolver os recursos recebidos, numa tentativa de se desvincular da polêmica.
Na esteira da repercussão, a Câmara Municipal de Natal aprovou, por 23 votos a favor e apenas 3 contrários, a abertura de processo para apurar o caso. O placar expressivo mostra que a vereadora que se acostumou a acusar todo mundo agora vê a maioria deles dar prosseguimento à investigação, reforçando o peso político da denúncia.
Brisa agora passa de estilingue a vidraça.