A Iberdrola anunciou nesta segunda-feira uma oferta pública de aquisição (OPA) para comprar a fatia que ainda não detém da Neoenergia, num movimento que pode redesenhar parte do setor elétrico brasileiro. A operação, avaliada em mais de R$ 6,5 bilhões, oferece R$ 32,50 por ação e tem potencial para levar a companhia espanhola ao controle total da holding, que reúne distribuidoras como Coelba, Celpe, EPB e a potiguar Cosern.
No Rio Grande do Norte, a proposta é acompanhada de perto. A Cosern é responsável por abastecer mais de um milhão de clientes e tem papel central em uma economia que depende fortemente da estabilidade do sistema elétrico — do turismo ao agronegócio, passando pelo polo salineiro e pelo parque eólico, que coloca o estado na liderança da geração de energia renovável no país.
Com o controle integral, a Iberdrola poderá acelerar decisões estratégicas, diminuir a burocracia interna e ter maior liberdade para alocar capital em projetos de modernização da rede. A expectativa é de maior previsibilidade nos investimentos em expansão, digitalização e automação, áreas que costumam sofrer com travas quando há múltiplos acionistas.
Embora a operação não tenha impacto direto nas tarifas, que são reguladas pela Aneel, ganhos de eficiência podem surgir à medida que a rede seja modernizada. Isso inclui melhorias em indicadores como DEC e FEC, que medem a duração e a frequência das interrupções no fornecimento, um desafio ainda presente na Grande Natal e em regiões de crescimento acelerado.
A concentração total das operações sob a Iberdrola também pode fortalecer a capacidade da Neoenergia de integrar novos projetos de transmissão ligados à expansão eólica e aos futuros empreendimentos de hidrogênio verde. Para o RN, a movimentação representa a possibilidade de maior fluidez nos investimentos necessários para sustentar a expansão do setor energético, considerado um dos pilares do desenvolvimento econômico do estado.
