O ex-senador Jean Paul Prates resolveu abrir a boca para lembrarem que ele existe. Em entrevista a jornalista Anna Ruth Dantas, na rádio 94 FM hoje de manhã, Jean Paul, que andava sumido, reagiu fortemente à tentativa da governadora Fátima Bezerra de fazer do secretário Carlos Eduardo Xavier o candidato do PT à sucessão estadual.
Embora tenha sido senador da República e presidente da Petrobras, Jean Paul não é chamado nem para um cafezinho com a governadora e foi surpreendido com a inesperada tentativa de fazer Cadu candidato do PT.
Aliás, o relacionamento do ex-senador com o partido não é dos melhores. Sem ser um petista raiz, Jean Paul é olhado com desconfiança por parte do partido. Na entrevista fez questão de relembrar que foi candidato a prefeito de Natal convocado de última hora, já que em 2020, Natália Bonavidres não quis ser candidata e enfrentar o prefeito Álvaro Dias candidato à reeleição. Em 22, ele lembrou que embora fosse senador teve que abrir mão de tentar a reeleição para que fosse feita a aliança com Carlos Eduardo, numa jogada da governadora Fátima Bezerra que tirou do caminho dela o próprio Carlos e o então prefeito Álvaro Dias, cuja vice era indicada de Carlos Eduardo, facilitando a reeleição dela numa disputa com o ex-deputado Fábio Dantas chamado às pressas para compor a chapa de Rogério Marinho que queria o Senado.
Na presidência da Petrobras mais atritos com a ala do PT comandada pelo Chefe da Casa Civivl da Presidência da República, o ex-governador baiano Rui Costa. Jean Paul deixou a companhia depois de ser "fritado" pelo ministro numa disputa de poder com o ministro da Fazenda Fernando Hadad que segue ainda hoje.
Na entrevista, Jean Paul fez um diagnóstico no qual afirmou que tanto o governo federal como o estadual "não são tão ruins como parecem". No caso do governo federal, na opinião dele, porque levam todos os abacaxis para o presidente Lula descascar. "Vejo que continua um processo de abrir a porta do gabinete do presidente e jogar lá dentro os abacaxis sem descascar nem nada. O problema fica enorme, e ele sai, provavelmente mal assessorado por gente que está próxima, para fazer uma reunião aberta, coletiva para fazer admoestações públicas a ministros. Isso não é forma de melhorar a percepção do governo". Ele não disse, mas quem está próximo e deveria levar os abacaxis ao menos descascados era a Casa Civil.
Também disse que os ministros do governo Lula tem medo de falar "porque todos que falam a Casa Civil começa a criar notícias para derrubar. É um festival de fogo amigo".
Já no caso de Fátima, ele acha que o governo é melhor do que parece por causa da comunicação e mostrou mais uma mágoa. "Eu raramente tive vezes em que coloquei emendas para o governo do Estado e que houve postagem junto com o governo do Estado, é como se dissessem não vamos botar luz em ninguém".
Esse diagnóstico trouxe outra semelhança entre o governo federal e estadual na avaliação de Jean Paul: "O problema se reflete agora na hora da eleição. Cadê sucessão, não tem, ai vamos fabricar aqui uma pessoa, colocar conteúdo na rede e fabricar um candidato", numa referência direta à uma possível candidatura de Cadu Xavier.
"A diferença é que Lula pode ser reeleito, Fátima não. Ou porque os pretensos sucessores tem receio porque olham para o governo e vêem que o governo deveria estar bem mas não está ou porque não deixaram se criar lideranças capazes de suceder as lideranças que estão hoje governando".
ENSINAMENTO
Quando assessorava a então prefeita Wilma de Faria, ela me disse que os constantes acenos, hora para o lado dos Maia e hora para os Alves, que faziam a polarização política na época, era a forma de ser respeitada. "Ou eu abro os braços ou eles me engolem".
Nunca me esqueci desse ensinamento político que lhe permitiu, mesmo sem as grandes estruturas da época, chegar ao Governo do Estado.
Ao que parece Jean Paul, que foi secretário dela já no governo do Estado, deve ter ouvido algum ensinamento semelhante.