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Cacá Diegues e Jorge de Lima, ícones alagoanos na cultura brasileira

A poesia desta sexta-feira é uma homenagem ao cineasta e membro da Academia Brasileira de Letras, Cacá Diegues, que morreu recentemente e era um admirador da obra do modernista Jorge de Lima, alagoano como ele.

 

Anjo Daltônico

Tempo da infância, cinza de borralho,
tempo esfumado sobre vila e rio
e tumba e cal e coisas que eu não valho,
cobre isso tudo em que me denuncio.

Há também essa face que sumiu
e o espelho triste e o rei desse baralho.
Ponho as cartas na mesa. Jogo frio.
Veste esse rei um manto de espantalho.

Era daltônico o anjo que o coseu,
e se era anjo, senhores, não se sabe,
que muita coisa a um anjo se assemelha.

Esses trapos azuis, olhai, sou eu.
Se vós não os vedes, culpa não me cabe
de andar vestido em túnica vermelha.

 


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Heverton de Freitas