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Uns montam as jogadas, outros tentam sair do "cheque" no xadrez de 2026

Ainda falta um ano para as convenções partidárias definirem quem serão os candidatos a que cargos em 2026 e as peças do tabuleiro continuam se mexendo.

De um lado, a governadora Fátima Bezerra (PT), que parecia sem saída diante dos índices de rejeição da sua administração nas pesquisas, mostra que não a toa é hoje a política com mais vitórias eleitorais no Estado e está conseguindo montar um grupo de apoios que não pode ser desprezado. Desde o início do ano, ela trabalha o nome do secretário Carlos Eduardo Xavier como seu sucessor.  Um nome novo, sem recall político, que aparece timidamente nas pesquisas, mas que já conseguiu fechar o apoio de todo o grupo dela e que irá fazer a defesa da sua gestão.

Do outro lado, o encontro entre o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), e o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), esta semana continua dando o que falar. Os dois têm pretensão de disputar o governo do Estado no próximo ano e estavam sem um diálogo aberto.

Allyson e Álvaro já de algum tempo viraram alvo da artilharia do PT através das redes sociais ligadas ao partido, afastando a hipótese de conversas com eles para o próximo ano.

Sem espaço no lado governista, os dois correriam na mesma faixa do senador Rogério Marinho (PL) que tem mais quatro anos de mandato e não tem nada a perder em disputar o governo.  A vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro ao RN reforçou a candidatura de Marinho que já anunciou dezenas de vezes o compromisso com Styvenson para o Senado. Aliás, o prefeito não conseguiu encontrar um espaço na agenda para encontra o ex-presidente em sua passagem pela cidade. Isso que é uma agenda cheia. 

Restaria numa composição desse lado uma vaga ao Senado, que Allyson não pode ocupar porque não tem idade, e a candidatura a vice-governador. Ou seja, para manter esse grupo unido, Allyson teria como melhor hipótese ficar na Prefeitura e Álvaro ser candidato ao Senado ou a deputado federal, para a qual não contaria com o apoio do prefeito Paulo Freire que deve lançar a esposa, Nina Souza, na vaga que foi dele até o ano passado.

Tabuleiro mexido

Ou seja, não há lugar para os dois do lado da oposição bolsonarista. Por isso a conversa entre eles mexeu no tabuleiro de 2026.  Um é prefeito de Mossoró com boa penetração no Oeste.  Outro é ex-prefeito de Natal com espaço na Grande Natal e com origens no Seridó, onde mantém atuação política.

Os dois sabem que não é hora de fechar chapas agora, mas deixaram uma via aberta que pode resultar numa aliança futura. Allyson só sairia da prefeitura para disputar o governo se as pesquisas (especialmente as qualitativas) apontarem uma possibilidade real de ele conseguir quebrar a polarização entre os representantes de Lula/Bolsonaro e obter uma vitória. Álvaro mantém a candidatura ao governo aguardando o momento da decisão de Allyson, descarta sob qualquer hipótese ser candidato a vice, não rompe com o grupo de Rogério, mas sai do cheque a que estava submetido sem alternativas a ser ir a reboque do bolsonarismo. 

Allyson não disse que será candidato, mas trabalha para isso. Esta semana recebeu na casa do deputado Neilton Diogenes (PSDB), seu fiel defensor na Assembleia, o deputado Kleber Rodrigues (PSDB) que foi a Mossoró com o prefeito de Macaíba, Emídio Junior e o ex-prefeito de Lagoa de Pedras, Raniere Amancio.

Com sua liderança se espalhando no Oeste, fechando uma aliança com Álvaro em Natal, com o apoio do prefeito Jaime Calado, de São Gonçalo, se fechar ainda Macaíba, e Parnamirim, onde seu ex-correligionário Kelps Lima é nome forte da prefeita Nilda Cruz, Allyson formaria uma base que evita uma eventual candidatura isolada que seria facilmente engolida.

Governo também monta seu time

No lado governista, a governadora anunciou esta semana a troca de dois secretários para acomodar duas indicações do vice-governador Walter Alves (PMDB), fortalecendo sua aliança com o partido que projeta fazer uma grande nominata para a Câmara dos Deputados e para a Assembleia Legislativa.

O vice-governador, que seria candidato natural à reeleição ao assumir o cargo com a renúncia de Fátima, segue dizendo que fará uma boa bancada e não será candidato a nada. A posição dele facilita a composição da chapa proporcional e atrai o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira, que pode deixar o ninho tucano e se acomodar no velho MDB.

Em troca de abrir mão da cabeça de chapa, o partido quer a primeira suplência de Fátima (quem sabe ela pode assumir um ministério), a outra vaga do Senado e a vice. A tática ai pode ser pedir tudo para levar metade. O deputado Dr. Bernardo, que já é certo nas fileiras do MDB, aparece como um nome para um desses cargos majoritários.

O PV, que assumiu, através do ex-vereador Milklei Leite, a presidência da Frente Brasil Esperança, formada com o PT e o PCdoB, no rodízio formado pelos três partidos, defendeu no dia da posse, prestigiada pela deputada Natália Bonavides, que o Partido Verde ocupe a segunda vaga para o Senado, ao lado de Fátima Bezerra, na chapa encabeçada por Cadu Xavier para governador e o PCdoB indique o nome do candidato a vice-governador. "É hora de consolidar uma Frente que não seja apenas eleitoral, mas que se traduza em projeto, em futuro, em esperança para o povo potiguar", chegou a discursar ele que foi candidato a vice de Natália no ano passado.

O partido tem conversado com o ex-senador Jean Paul Prates que, embora filiado ao PT, vem demonstrando insatisfação com a forma de escolha de Cadu Xavier para candidato ao governo, deixando claro que poderia ter tido o nome ao menos cogitado.

As declarações públicas do ex-senador, o afastaram ainda mais da cúpula do partido, mas terça-feira, em evento organizado pelo IBAMA, em alusão ao Dia Nacional de Combate à Desertificação e à Seca, foi evidente a troca de conversas dele com a governadora Fátima Bezerra que sentou ao seu lado no auditório do Idema. Segundo quem estava por perto, os dois se despediram na saída do evento com um “vamos conversar.” da governadora, prontamente aceito pelo seu ex-suplente.

É um chavão, mas é bem válido: ainda tem muita água para rolar, mas ninguém está querendo ficar em cima da ponte só olhando a água passar.


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