Testemunha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Rogério Marinho (PL) afirmou no Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (2/6) que o ex-presidente “de maneira nenhuma” pensou em qualquer tipo de ruptura institucional. Disse também que nas conversas que tiveram no Palácio do Alvorada após o 2º turno das eleições de 2022, o ex-presidente estava preocupado com “excessos” e que “houvesse civilidade na transição”.
Na avaliação de Marinho, Bolsonaro estava preocupado com a organização partidária e o futuro do Partido Liberal (PL). Havia uma avaliação que o partido fez uma bancada expressiva no Congresso, com senadores e deputados, mas estavam “tristes” com o resultado da eleição presidencial. “O presidente estava preocupado com a transição e com a maneira que deveria se dirigir aos brasileiros”.
De acordo com o senador, na reunião do dia 2 de novembro de 2022, Bolsonaro elogiou os parlamentares eleitos, estava preocupado com a maneira que deveria se dirigir aos brasileiros e conversou sobre “manter a chama acesa”, visando as eleições municipais de 2024 e o retorno em 2026 ao Executivo nacional. “Falamos de voltarmos ao poder pelo voto, de maneira democrática, como tem que ser”.
Marinho foi a última testemunha do núcleo 1 a ser ouvida. De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), esse grupo forma o núcleo crucial da “organização criminosa”, mesmo que a adesão ao plano tenha ocorrido em momentos distintos. Deles partiram as principais decisões e ações de impacto social.
Ao todo foram ouvidas 52 testemunhas, sendo 5 de acusação e 47 das defesas. Durante os depoimentos ocorreram 29 desistências e duas testemunhas deram declarações por escrito.
Os réus dos núcleo 1 são: Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal; General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
O grupo é acusado dos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Marinho encerrou a fase de oitiva das testemunhas do chamado grupo 1 dos acusados. Agora, o ministro Alexandre de Moraes marcou para 9 de junho o início do interrogatório do ex-presidente e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. As audiências serão realizadas presencialmente na corte. Apenas o interrogatório do general Braga Neto, que está preso, será por videoconferência.