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Eólica deve perder quase metade dos empregos até 2026

O mercado de energia eólica no Brasil deve atravessar um período de forte retração nos próximos dois anos, com impacto direto sobre o emprego em estados líderes na geração, como o Rio Grande do Norte. Depois de alcançar um pico de 16,7 mil trabalhadores em 2023, o setor deve encolher até atingir 8,6 mil postos de trabalho em 2026, segundo dados do Global Wind Workforce Outlook 2024, relatório elaborado pelo Global Wind Energy Council (GWEC).

A redução ocorre em meio a um cenário de excesso de oferta de energia no país e baixa contratação de novos projetos, o que freia investimentos e provoca desaceleração na cadeia produtiva da eólica. O levantamento aponta que a queda já começou em 2024, com estimativa de 12,8 mil trabalhadores, e deve atingir o ponto mais baixo em 2026, período classificado pelo setor como o “vale” da indústria eólica.

No Rio Grande do Norte, maior produtor de energia eólica do Brasil, o cenário preocupa empresas, fornecedores e centros de formação profissional. A retração reduz a demanda por técnicos especializados e pode comprometer a manutenção de programas de capacitação justamente em um momento em que o setor global enfrenta escassez de mão de obra qualificada.

De acordo com o GWEC, a expectativa de retomada no Brasil começa a partir de 2028, impulsionada por novos grandes consumidores de energia limpa, como data centers, projetos de hidrogênio verde e, em um horizonte mais longo, a implantação da eólica offshore. Com esses vetores, o número de trabalhadores no país pode voltar a crescer, chegando a 9,7 mil em 2028 e alcançando cerca de 13,5 mil empregos em 2035, quando os projetos no mar devem ganhar escala.

O relatório também chama atenção para um desafio estrutural: até 2030, o setor eólico mundial precisará de 628 mil profissionais para sustentar a expansão da capacidade instalada, que deve ultrapassar 2,1 terawatts. O gargalo, segundo o documento, está menos na quantidade de pessoas disponíveis e mais na formação técnica especializada.

Para estados como o Rio Grande do Norte, o alerta é claro. Manter ativos os centros de treinamento e políticas de qualificação durante o período de baixa será decisivo para garantir competitividade quando o ciclo de investimentos for retomado. Caso contrário, o risco é que a falta de profissionais qualificados se torne um entrave à própria expansão da energia eólica nos próximos anos.


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