A palavra "doula", de origem grega, significa "mulher que serve" e refere-se a uma profissional que oferece suporte emocional, físico e informativo. Mais comumente relacionada à gestante e à chegada de uma nova vida, também existem profissionais que se dedicam a suavizar o momento da despedida. São as chamadas doulas do fim da vida ou doulas da morte.
Ainda pouco conhecidas no Brasil, elas atuam no momento da morte com o mesmo cuidado e presença que as doulas do parto oferecem para as mães no período da gravidez, parto e pós-parto. Elas acompanham pessoas em estágio terminal, muitas vezes com doenças graves ou em idade avançada, oferecendo suporte emocional, espiritual e prático durante o processo de morrer.
"O objetivo é dar suporte ao paciente e, consequentemente, à família para que essa pessoa faça sua passagem de forma mais tranquila possível. É importante falarmos sobre a morte e também ajudar esse paciente a viver bem seus últimos momentos e que suas vontades sejam respeitadas", explica Daniele Cristine Cândido Celeste, que atua como doula da morte há quatro anos.
Ela, que é enfermeira especialista em cuidados paliativos começou a trabalhar como doula da morte após encontrar uma lacuna no setor, seja por falta de preparo dos profissionais de saúde ou as dificuldades enfrentadas pela pessoa e seus familiares para lidar com a última etapa da vida.
Doula não é enfermeira
Embora muitas doulas tenham formação em enfermagem ou na área da saúde, elas não têm essa função na vida do paciente.
Essas profissionais não substituem médicos, enfermeiros ou equipes de cuidados paliativos. Enquanto os cuidados paliativos oferecidos por membros da área da saúde se concentram nas necessidades físicas e médicas, o papel das doulas é complementar os cuidados com foco no acolhimento e bem-estar.
No Brasil existem alguns cursos livres para a formação em doulas da morte. Eles abordam, entre outros temas, mitos sobre a finitude, escuta e diretivas antecipadas de vontade e luto.
Assim, a doula de fim de vida atua em três fases que envolvem a morte: a fase pré-morte, ou seja, quando o paciente desenvolve uma doença que não tem cura como por exemplo pacientes com câncer metastático ou com quadro de demências como o Alzheimer.
Nessa fase, elas ajudam o paciente e os familiares a lidarem com o medo, a dor, o luto antecipado e ajudam a construir uma morte mais humanizada.
Também discutem com os pacientes assuntos que, normalmente, a família tem dificuldade em abordar como: se o paciente gostaria de fazer as pazes com alguém antes de partir, se tem algum desejo em específico e até mesmo se ele prefere ser cremado ou enterrado.
Da DW Brasil