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Tarifaço dos EUA altera rota das exportações potiguares

O tarifaço imposto pelos Estados Unidos às importações brasileiras, em vigor desde 1º de agosto, completou um mês e já mostra efeitos visíveis sobre a balança comercial do Rio Grande do Norte. A sobretaxa de até 50% encareceu a entrada de produtos brasileiros no mercado americano e reduziu a relevância dos EUA para o comércio exterior potiguar.

Segundo o Boletim da Balança Comercial do RN, em agosto os EUA apareceram apenas como o 5º destino das exportações do estado, com US$ 1,6 milhão em vendas, atrás de Reino Unido, Canadá, Países Baixos e Tailândia. O contraste é forte: no 1º semestre de 2025, antes da medida, os americanos haviam ampliado em 120% suas compras do RN em relação a 2024, alcançando US$ 67 milhões.

O choque tarifário atinge em cheio os frutos frescos, que lideram a pauta potiguar: melancias, melões, mamões e mangas. São produtos de baixo valor agregado e altamente concorrenciais. Com a tarifa, perderam competitividade e tiveram de ser redirecionados para mercados alternativos. O Canadá, por exemplo, comprou US$ 4,1 milhões em agosto, quase três vezes mais que os EUA, enquanto Reino Unido e Países Baixos também ampliaram sua participação.

Esse redirecionamento confirma o fenômeno de desvio de comércio, quando barreiras em um mercado forçam a busca por outros destinos. A estratégia, porém, tem custos. O transporte até a Europa e o Canadá é mais caro, o prazo de entrega é maior e os preços negociados tendem a cair.

No mesmo mês, o RN registrou déficit de US$ 6,5 milhões em sua balança comercial, resultado agravado pela ausência de embarques de óleo combustível, mas também pela perda de dinamismo dos EUA como cliente. Ainda assim, o acumulado de 2025 até agosto segue positivo, com superávit de US$ 281 milhões.

O caso potiguar é reflexo de um cenário mais amplo. Nacionalmente, o tarifaço afetou setores como aço, alumínio, carnes e frutas frescas. Em Brasília, o governo federal tenta combinar cautela diplomática com pressão setorial, avaliando medidas de retaliação calibrada e negociações bilaterais.

Se a tarifa se mantiver, o médio prazo pode consolidar uma nova geografia comercial, com os EUA em posição secundária e maior peso para Canadá e Europa. O problema é que a transição virá acompanhada de custos que podem comprometer a competitividade do setor frutícola potiguar.

O tarifaço atinge a economia potiguar, dependente de poucos produtos e de mercados concentrados. A forma como governo e exportadores reagirem nos próximos meses será decisiva para saber se a perda americana será temporária ou o início de uma reconfiguração duradoura no comércio exterior do Rio Grande do Norte.


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Heverton de Freitas