O jornal Valor Econômico publicou reportagem nesta semana destacando o forte potencial portuário do Nordeste, impulsionado por uma série de investimentos públicos e privados que podem ultrapassar R$ 4 bilhões nos próximos anos. O levantamento mostra que a região vem se consolidando como um novo eixo logístico nacional, tanto para o escoamento da produção agropecuária quanto para o abastecimento do mercado interno.
Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os dez portos organizados e 19 terminais privados nordestinos movimentaram 330 milhões de toneladas de mercadorias em 2024, um crescimento de 3,52% em relação a 2023 — bem acima da média nacional de 1,32%. O avanço é resultado de dois fatores: o desempenho econômico acima da média brasileira e o papel estratégico que os portos da região vêm assumindo no transporte de grãos oriundos do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e do Centro-Oeste.
O Valor destaca que o Porto do Itaqui (MA) se tornou um dos principais pontos de exportação do agronegócio, mas ressalta que a expansão logística tende a beneficiar outros portos do Nordeste, incluindo o Porto de Natal, que receberá obras de dragagem financiadas pela União, dentro de um pacote de R$ 350 milhões destinados também aos portos de Suape (PE) e Recife (PE). A melhoria das condições de navegabilidade deve ampliar a competitividade do terminal potiguar, que já vem se firmando como ponto estratégico para exportações de frutas e produtos industrializados.
O texto também menciona os investimentos privados que devem transformar a infraestrutura portuária da região. Entre eles, o destaque vai para o novo terminal da APM Terminals, subsidiária da Maersk, em Suape (PE), com R$ 1,6 bilhão em aportes e capacidade para movimentar 400 mil contêineres por ano, e a ampliação do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), que receberá R$ 1,16 bilhão para aumentar em mais de 50% sua capacidade anual.
O avanço ferroviário e hidroviário também está no horizonte. O jornal cita projetos como a Ferrovia Transnordestina, a ser concluída até 2028, e as hidrovias do Parnaíba e do São Francisco, que integrarão rotas de escoamento da produção com os portos da Bahia, Pernambuco e Piauí.
Para o secretário nacional de Portos, Alex Sandro de Ávila, a expansão é inevitável: “A demanda por serviços de transporte aquaviário no Nordeste é crescente, e é urgente ampliar a oferta de capacidade portuária.”
Com o pacote de obras e concessões em andamento, o Nordeste reforça sua posição estratégica na logística nacional. E, nesse cenário, Natal aparece no mapa como um ponto de conexão natural entre o Brasil, a Europa e a América do Norte, com potencial para atrair novas linhas marítimas e ampliar o papel do estado na economia exportadora regional.