A convenção do Partido Verde no Rio Grande do Norte, realizada no dia 4 de julho, aprofundou ainda mais a crise interna que já se arrasta há mais de dois anos. A principal acusação, feita pelos deputados estaduais Hermano Morais e Eudiane Macedo, é de que a convenção ocorreu sem convite formal aos principais filiados do partido, incluindo os parlamentares com mandato, o que seria contrário aos princípios internos estabelecidos pelo próprio estatuto da legenda. O ex-vereador Milklei Leite foi reeleito presidente do Diretório Estadual do Partido Verde no Rio Grande do Norte naquele dia e alega que o processo eleitoral teve início no dia 14 de junho, com a publicação oficial do edital durante a inauguração da nova sede do PV/RN, e foi concluído no dia 4.
Após a eleição, no entanto, a deputada estadual Eudiane Macedo e o deputado Hermano Morais alegaram não terem sido informados sobre o pleito e estão questionando a sua validade junto à direção nacional. Eles pedem a anulação do processo.
Milklei afirma que a eleição ocorreu de forma legal, com o edital devidamente publicado e fixado na sede do partido. Já outros membros do partido entende que o PV está sem direção já que o atual mandato de Milklei Leite encerrou-se no último dia 4 e o atual diretório não é válido.
A crise tem como figura central Milklei Leite, cuja gestão é criticada por adotar uma postura considerada autoritária e excludente. Segundo os parlamentares, Milklei nunca promoveu uma política de integração entre os quadros do partido, tampouco distribuiu de forma justa os cargos da executiva ou as decisões estratégicas.
A última convenção foi o estopim: nela foi reconduzida a atual direção estadual, o que levou Hermano e Eudiane a protocolarem junto à Direção Nacional do PV um pedido de anulação do resultado e a nomeação de uma nova direção política para o partido no RN. Ambos os parlamentares já declararam, inclusive publicamente, que não aceitam mais a permanência de Milklei Leite no comando da legenda.
Nos bastidores de Brasília, o caso é tratado como delicado. A Direção Nacional do Partido Verde estuda uma solução política que evite a saída dos parlamentares — considerados estratégicos para a consolidação do PV nos estados do Nordeste — e que garanta a organização da sigla para as eleições de 2026.
A prioridade da legenda em nível nacional é clara: lançar candidaturas próprias a deputado federal em todos os estados onde houver viabilidade. Nesse contexto, a postura de Milklei Leite em antecipar apoio a Natália Bonavides, uma candidata de outra legenda, tem sido duramente criticada internamente, por representar um enfraquecimento do próprio projeto político do PV no Rio Grande do Norte.
Fontes ligadas à executiva nacional afirmam que, se for comprovada a exclusão dos deputados do processo interno e o desrespeito ao estatuto, o diretório estadual poderá ser considerado vago, permitindo assim a nomeação de uma comissão provisória, que teria como função reorganizar o partido no estado e convocar nova convenção com amplo diálogo entre todas as correntes da legenda.