Ampla reportagem do Portal Viva mostra como festas flashback e bailinhos fazem sucesso entre o público 50+.
Abaixo o texto:
Se você tem mais de 50 anos com certeza já foi em um “bailinho" na garagem, aquele em que quem não dançava segurava a vassoura à espera de um par, ao som de pop e rock, regado a coquetel de frutas. Pois as festas com músicas dos anos 70, 80 e 90 estão voltando com tudo. É uma boa oportunidade para sair para dançar e se divertir com a turma ou fazer novas amizades.
Henriete Magnabosco, proprietária do restaurante Florisbela, em São Paulo (SP), identificou uma carência de oferta desse tipo de ambiente – lugares que tocam flashback – e lançou, no ano passado, o “Bailinho de garagem”.
A ideia surgiu após ela conversar com uma amiga sobre opções para o Dia dos Namorados do ano passado. Durante o bate-papo, Magnabosco lembrou que quando era jovem costumava frequentar bailinhos. A amiga, mais nova, ficou encantada com a história e convenceu a proprietária a criar esse ambiente em seu restaurante.
As amigas insistiram para uma próxima e assim foi, até que uma frequentadora sugeriu que Magnabosco conhecesse o seu irmão, o DJ Carlinhos Oxydance, produtor musical e radialista do programa Oxydance, transmitido na Web Vintage Radio, e que há mais de 35 anos organiza bailes de flashback. A parceria deu “match”, e o bailinho, que começou sem pretensão, vai realizar a 7ª edição no próximo dia 4 de julho.
“O restaurante é um espaço de memória afetiva, quem frequenta se sente na casa da avó, a comida e o ambiente são afetivos. Aí, pensei: nada como resgatar o bailinho também como memória afetiva. Quanto eu escuto as músicas, eu me arrepio, fico muito emocionada. Então, eu fiz o primeiro baile e as pessoas adoraram.”
Esse sentimento vai além da nostalgia, é também um fator de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as manifestações artísticas e culturais influenciam positivamente a saúde física e mental das pessoas. No caso da música, ela age em diferentes áreas do cérebro humano, estimulando quatro neurotransmissores: a dopamina, endorfina, ocitocina e serotonina. O quarteto é responsável pela sensação de satisfação, felicidade, relaxamento e bem-estar que sentimos ao realizar essa e outras atividades.
Magnabosco explica que por se tratar de um restaurante, o espaço é pequeno, comporta cerca de 150 pessoas, e para realizar o evento é necessário mudar o ambiente, retirando mesas e cadeiras do salão principal. “É uma casa pequena, por isso é uma festa intimista. Eu estou propiciando momentos de recordação”, afirma, acrescentando que além do salão há o jardim, onde ela deixa algumas mesas e cadeiras. “Nós somos velhos, tem o salão para dançar e o jardim para descansar”, brinca.
Além das garagens
Festas que foram sucesso nos anos 80 e 90 como Overnight, Toco, Broadway, The History, Túnel do Tempo, em São Paulo, estão de volta em edições especiais e realizadas por profissionais como o próprio Carlinhos e o DJ Vadão (Osvaldo Vieira), radialista da rádio Energia 97fm, que organizam essas festas.
Oxydance ressalta que esse público é exigente e quer eventos de qualidade. “É unânime, essa geração sente saudade dos nossos tempos, dos anos 70, 80 e 90. Mas as festas precisam ser bem-feitas e bem promovidas”, conta o DJ, que há 35 anos está na pista.
Agora, o desafio é a comunicação, que tem que ser feita com muita antecedência. “Não adianta você divulgar uma festa na próxima semana. Precisa de, no mínimo, uns 40 dias de trabalho de divulgação para festas grandes, como Toco e Overnight, por exemplo”.
Os DJs concordam que um dos motivos que contribuem para a permanência dessas festas é a sensação dentre a geração 50+ de que falta música boa hoje.
“Você não vai ter uma música de hoje sendo ouvida daqui cinco anos como um sucesso. Se bobear, uma música que é ouvida hoje nas paradas, talvez ninguém lembre dela o ano que vem. É muito diferente das músicas dos anos 70, 80, 90”, avalia Vadão.
Carlinhos concorda que música é um negócio sério. “Eu sempre falei nos meus programas de rádio, música não tem ano, não tem data, a música boa é atemporal”, afirma ele, que foi radialista.