O Pix não é só um meio de pagamento — é um gigante financeiro que movimenta R$ 2 trilhões por mês. E esse sucesso acabou irritando os Estados Unidos. Desde julho, Washington abriu uma investigação comercial para avaliar se o sistema brasileiro prejudica empresas americanas, acusando o Pix de concentrar poder e dificultar a concorrência.
O governo brasileiro reagiu em peso. Em uma resposta de 91 páginas, reafirmou que o Pix é “público, aberto e neutro”, e destacou seu papel na inclusão financeira e na concorrência. Entidades como a CNI e o setor produtivo apoiaram a defesa, enquanto o presidente Lula resumiu o recado de forma direta: “O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques a um patrimônio do povo brasileiro.”
Enquanto a diplomacia esquenta, os brasileiros continuam colhendo os frutos do sistema. Em junho, o Pix Automático começou a funcionar, permitindo pagamentos recorrentes — de mensalidades escolares a assinaturas digitais e planos de saúde — com liquidação instantânea e sem custo algum. Para o usuário, é mais liberdade e controle sobre as próprias finanças; para pequenos negócios, previsibilidade de caixa e redução da inadimplência.
O choque com empresas americanas mostra por que o Pix é tão temido: enquanto elas dependem de cartões, tarifas e crédito, o Pix democratiza o acesso, alcançando cerca de 60 milhões de brasileiros sem cartão de crédito. A mensagem é clara: o cidadão comum ganha, e a dependência de intermediários diminui.
No fim das contas, a “guerra do Pix” não é só sobre política ou comércio internacional. É sobre quem manda no dinheiro no Brasil — e, por enquanto, o poder está na mão de quem usa o Pix.