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Paz à vista?

A guerra mais longa e devastadora da história recente do Oriente Médio pode estar a dias do fim. Em um anúncio surpreendente, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comunicou que Israel e Hamas concordaram com a primeira fase de seu plano de cessar-fogo. A notícia, que veio dois anos e um dia após o ataque terrorista do Hamas que deu início ao conflito, gerou intensa emoção entre israelenses e palestinos, embora o ceticismo sobre a paz duradoura persista.

O contexto de uma guerra brutal

Para entender a dimensão do acordo, é preciso lembrar o cenário. A guerra começou com o dia mais sangrento para a comunidade judaica desde o Holocausto, quando militantes do Hamas invadiram Israel, matando 1.200 pessoas e sequestrando 250. A resposta militar de Israel a Gaza foi avassaladora: mais de 67.000 palestinos foram mortos (segundo o Ministério da Saúde de Gaza) e quase toda a população de dois milhões de habitantes de Gaza foi deslocada. A destruição é massiva, e a ONU alerta que meio milhão de pessoas correm risco de fome.

Apesar das vitórias militares contra o Hamas e outros inimigos regionais (Irã, Hezbollah), Israel viu-se cada vez mais isolado internacionalmente, enfrentando acusações de genocídio e boicotes. O Hamas, por sua vez, perdeu grande parte de sua liderança e arsenal.

O acordo

A primeira fase do Plano de 20 Pontos do Presidente Trump é simples: uma troca massiva de prisioneiros e reféns, seguida de um cessar-fogo e retirada inicial de tropas israelenses.

  1. Troca Imediata: Todos os reféns israelenses remanescentes (cerca de 20 ainda estariam vivos) serão entregues no prazo de 72 horas após Israel aceitar publicamente o plano. Os corpos de reféns falecidos também serão liberados.

  2. Palestinos Libertados: Em troca, Israel libertará 250 prisioneiros cumprindo prisão perpétua, além de 1.700 habitantes de Gaza detidos durante a guerra.

  3. Cessar-Fogo e Ajuda: As tropas israelenses farão um recuo inicial para uma linha acordada e a ajuda humanitária entrará em Gaza.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, celebrou o acordo como "um grande dia". O Hamas pediu que Israel cumpra o prometido.

Os pontos mais difíceis do acordo

Embora a primeira fase acene com o fim dos combates, as etapas futuras do plano de Trump guardam os pontos mais espinhosos:

  • Desarmamento do Hamas: O plano exige que o Hamas se desarme e seja excluído do governo de Gaza, ponto que a liderança do grupo reluta em aceitar.

  • Retirada Total de Israel: O texto prevê uma retirada faseada de Israel, mas sem um cronograma claro, o que mantém tropas israelenses em Gaza por um período indefinido.

  • Governança de Gaza: Gaza seria governada por um comitê de tecnocratas palestinos sob a supervisão de um "Conselho de Paz" internacional, presidido por Trump.

As negociações finais para os detalhes ocorreram em Sharm-el-Sheikh, no Egito, com a presença de altos representantes dos EUA, Israel, Qatar e Egito. Com a chegada do Presidente Trump prevista para este domingo a Israel, a pressão é para que o acordo se concretize e a paz — mesmo que temporária — finalmente se instale.


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