O Brasil vive um momento de intensa transformação e debate em torno da inteligência artificial (IA), conforme revela a pesquisa Latam Pulse Brasil, realizada em julho de 2025 pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg. Segundo o levantamento com mais de 7 mil brasileiros, cresce a familiaridade com o conceito de IA, mas ainda há desafios significativos em termos de uso consciente, confiança e percepção dos impactos dessa tecnologia.
A pesquisa apontou que 36% da população se declara “moderadamente” familiarizada com a inteligência artificial, enquanto apenas 10% afirmam não conhecer o termo. Apesar dessa crescente exposição, 67% dos entrevistados admitiram não ter utilizado intencionalmente ferramentas de IA nos últimos 12 meses. Entre os que usam, os assistentes de voz (como Siri e Google Assistente) são os mais populares, usados por 74%, seguidos por ferramentas generativas de texto, como ChatGPT, que alcançam cerca de 70%.
Ainda que a tecnologia esteja presente no cotidiano de parte dos brasileiros, a confiança nos sistemas de IA para decisões importantes, como médicas ou financeiras, segue cautelosa. Metade dos entrevistados prefere a avaliação de especialistas humanos, enquanto 47% aceitariam a ajuda da IA em alguns casos, e apenas 2% confiariam plenamente sem hesitação.
As expectativas em relação ao impacto da inteligência artificial à sociedade brasileira são diversas e revelam um equilíbrio entre otimismo e preocupação. Cerca de 38% acreditam que a IA terá um efeito positivo nos próximos 5 a 10 anos, destacando benefícios em saúde, ciência, educação, serviços públicos e economia. Ao mesmo tempo, 32% manifestam temor quanto aos efeitos negativos, principalmente relacionados à disseminação de notícias falsas, invasão de privacidade, vigilância governamental e perda de empregos.
No uso cotidiano, apenas 20% relatam utilizar ferramentas com IA com frequência semanal, enquanto a maioria as usa ocasionalmente ou raramente. A aplicação mais comum inclui aprendizado e pesquisa (74%), produtividade pessoal (65%) e comunicação (58%). Já para tarefas profissionais, criatividade e resolução de problemas, o uso é menor, refletindo uma adoção inicial ainda restrita a certos perfis demográficos.
As preocupações com a IA são intensas, especialmente no que tange à criação e propagação de desinformação (53% extremamente ou bastante preocupados) e à violação da privacidade pessoal (44%). Além disso, cerca de 29% demonstram apreensão com a possibilidade de tomadas de decisão tendenciosas pela IA, um tema que exige atenção no desenvolvimento e regulação dessas tecnologias.
Outro ponto relevante diz respeito à possibilidade de a IA ameaçar postos de trabalho: 40% acreditam que a tecnologia pode executar parte significativa das tarefas profissionais, enquanto 39% não enxergam risco iminente para seu emprego. Essa divisão revela como o debate sobre automação e futuro do trabalho é vibrante e multifacetado no Brasil.
Por fim, embora o uso de IA na administração pública e serviços governamentais divida opiniões, 53% dos brasileiros apoiariam sua aplicação, desde que os processos sejam transparentes e bem regulados. Ainda assim, 35% se opõem, reforçando a necessidade de diálogo e políticas claras para alinhar tecnologia e cidadania.
Em resumo, o Brasil está diante de um cenário de desafios e oportunidades com a inteligência artificial: uma população que conhece e começa a utilizar essas ferramentas, mas que ainda busca confiança, segurança e benefícios concretos. Cabe a governos, empresas e sociedade civil construir um caminho equilibrado para que a IA contribua para o desenvolvimento inclusivo e responsável do país nas próximas décadas.