O estado do Rio Grande do Norte registrou uma das maiores reduções no número de homicídios do país em 2024, de acordo com o Mapa da Segurança Pública, divulgado pelo Ministério da Justiça. Os dados se referem ao ano de 2024 comparados com 2023, e revelam avanços importantes no combate à criminalidade letal, ao mesmo tempo em que expõem o crescimento de crimes como estupros, tentativas de homicídio, lesões corporais seguidas de morte e acidentes de trânsito.
De acordo com o levantamento, o número de homicídios no estado caiu 22%, passando de 817 em 2023 para 636 em 2024. Também houve queda nos latrocínios (roubos seguidos de morte), de 29 para 23 casos, e nas mortes causadas por intervenção policial, que passaram de 94 para 91.
Os feminicídios também apresentaram redução: foram 19 casos registrados em 2024, contra 24 no ano anterior. A taxa estadual ficou em 1,07 casos por 100 mil mulheres, abaixo da média nacional, que se manteve em 1,34. Esse é um tipo de crime que, apesar das inúmeras campanhas e iniciativas no âmbito político ou no de comportamento dos grupos de mulheres organizadas, vem crescendo no Brasil. Em 2024, 1.459 mulheres perderam a vida, assassinadas em geral por seus companheiros ou ex-companheiros, 10 casos a mais do que o registrado em 2023.
Apesar das reduções em alguns indicadores de violência letal, o número de tentativas de homicídio cresceu, passando de 553 para 623 casos. Houve também um aumento expressivo nas lesões corporais seguidas de morte, que subiram de 593 para 729 ocorrências. O Rio Grande do Norte figura no Mapa com dois municípios na lista das cidades com maior número absoluto de vítimas desse tipo de crime. Natal com 13 e Mossoró com nove. Natal, aliás, está entre as cinco capitais com maior número de vítimas nesse tipo de crime.
Outro dado que acende um alerta é o aumento nos casos de estupro, que cresceram 32% no RN, saltando de 950 para 1.276 registros. A taxa de estupros no estado é uma das mais altas do país: 37 casos por 100 mil habitantes, segundo o relatório.
Na área de segurança viária, o estado também piorou: as mortes no trânsito aumentaram de 464 para 542. Em todo o país, foram registradas mais de 26 mil mortes em acidentes no ano passado. O Rio Grande do Norte contribuiu com mais de 500 dessas vítimas.
Em relação aos crimes patrimoniais, o número de furtos de veículos se manteve estável (2.371 casos em 2024 contra 2.383 no ano anterior), mas os roubos de veículos caíram de 3.313 para 2.769. Já o roubo de cargas apresentou alta de 29,63%, subindo de 27 para 35 ocorrências — o que coloca o estado entre os que mais registraram aumento nesse tipo de crime. Também houve crescimento nos roubos a instituições financeiras, que passaram de 2 para 3 casos.
O tráfico de drogas no RN também cresceu. As ocorrências subiram 23,13%, totalizando 2.071 registros. Por outro lado, as apreensões de maconha aumentaram de 2,2 para 7 toneladas (alta de 208%), enquanto as de cocaína caíram 40,8%, passando de 731 para 433 quilos. Já a apreensão de armas de fogo teve leve aumento: de 1.512 para 1.574 unidades.
Outros dados destacados pelo relatório incluem a queda nas mortes de agentes do Estado, de 4 para 2 no RN (queda de 50%), e nos suicídios entre profissionais da segurança pública, que também caíram pela metade, de 4 para 2 casos. Em contrapartida, o número de suicídios em geral aumentou, passando de 294 para 301 registros.
O número de pessoas desaparecidas também cresceu, de 629 para 706 registros, o que representa uma taxa de 20,49 desaparecidos por 100 mil habitantes. Desses, 359 foram localizados, frente a 282 no ano anterior. Um dado que chama atenção é o aumento das mortes a esclarecer sem indício de crime, que passaram de 382 para 509 casos. Apenas Natal respondeu por 205 dessas ocorrências.
Apesar dos avanços no controle dos homicídios, o Mapa da Segurança revela que o estado ainda enfrenta desafios, especialmente em relação à violência sexual, ao trânsito e à criminalidade patrimonial. Os crimes contra mulheres, nas mortes no trânsito e nas lesões corporais seguidas de mortes registrados no Mapa mostram que há necessidade de maior articulação entre as esferas públicas já que o trânsito é responsabilidade da PRF, PRE e dos agentes municipais de trânsito, já a política de gênero é compartilhada entre Estado e municípios nas maiores cidades do Estado.