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Nova corrida do ouro dá os primeiros resultados

Uma nova corrida do ouro começa a ganhar forma no interior do Rio Grande do Norte. E não se trata de metáforas ou esperanças vazias. Trata-se de ouro de verdade, fundido, pesado e contabilizado, saindo diretamente da mina Borborema, localizada no município de Currais Novos, no Seridó potiguar. A primeira fundição, realizada recentemente pela empresa Aura Minerals, rendeu 2,6 mil GEOs (unidades equivalentes de ouro).

A notícia, confirmada no relatório do terceiro trimestre da Aura, foi recebida com entusiasmo pelo mercado financeiro. Analistas classificaram o resultado como um passo sólido e promissor na trajetória operacional da mineradora. Mais do que isso: trata-se de uma página importante na história econômica do estado.

A volta do ouro

Em tempos de incertezas econômicas, inflação global e busca por ativos seguros, o ouro volta a ser visto como um bem estratégico. Mas, para além das bolsas de valores e reservas cambiais, ele também representa oportunidade concreta de desenvolvimento local. A produção de ouro no Rio Grande do Norte tem o potencial de transformar a realidade econômica  da  região Seridó, gerar empregos e atrair mais investimentos.

A mina Borborema, operada pela Aura Minerals, é um projeto com base sólida: seus estudos de viabilidade econômica começaram em 2023 e projetam a produção de 748 mil onças de ouro ao longo de 11 anos. E o mais impressionante: o depósito ainda conta com mais de dois milhões de onças de ouro classificadas como Recursos Minerais Indicados, o que indica possibilidade de expansão e longevidade do empreendimento.

Currais Novos volta ao mapa da mineração

Currais Novos tem tradição mineral. Já foi referência nacional na produção de scheelita e outros minerais. Agora, com a produção comercial de ouro prevista para o fim deste trimestre, o município volta ao mapa estratégico da mineração brasileira.

O projeto Borborema é uma mina de ouro a céu aberto, o que torna sua operação mais ágil e viável economicamente. A Aura Minerals, que já opera em países como Honduras, México, Colômbia e outras regiões do Brasil, aposta no potencial do Seridó como novo polo de mineração responsável, com foco em sustentabilidade e geração de valor para as comunidades locais.

Uma nova história começa a ser escrita

O Rio Grande do Norte está diante de uma oportunidade. A fundição das primeiras barras de ouro da mina Borborema pode ser o renascimento de uma vocação econômica, o retorno do brilho que durante décadas parecia adormecido sob o solo do sertão.  

Prospecções seguem acontecendo

A presença de ouro no subsolo do Rio Grande do Norte segue despertando o interesse de mineradoras. Além do projeto Borborema, outros empreendimentos começam a surgir no estado, ainda que em fases iniciais. Um dos principais é o projeto de pesquisa geológica da empresa Sumatra Minerals Ltda, também em Currais Novos.

O projeto da Sumatra recebeu em janeiro deste ano um alvará de pesquisa emitido pela Agência Nacional de Mineração (ANM), com validade de três anos. A autorização permite à empresa realizar estudos sobre o potencial aurífero de uma área de aproximadamente 80 hectares, localizada nos arredores da cidade. O objetivo é verificar a viabilidade econômica da lavra de ouro na região, ainda sem estimativas publicadas de volume de reservas.

Segundo dados da ANM, a Sumatra Minerals é uma empresa com sede em Anápolis (GO), e que, apesar de originalmente voltada à extração de manganês, ampliou seu escopo para incluir também a mineração de metais preciosos. A expectativa agora é que a Sumatra apresente, dentro do prazo de validade do alvará, relatórios técnicos com os resultados das sondagens e análises geológicas. Caso os dados confirmem a viabilidade da exploração, a empresa poderá solicitar autorização para a lavra propriamente dita, o que exige novos licenciamentos ambientais e um plano de aproveitamento econômico.

Outros registros em análise

De acordo com os dados mais recentes da ANM, há movimentações relacionadas a outros minerais estratégicos, como titânio, zircônio, ilmenita e monazita — este último, associado à presença de terras raras, minerais cada vez mais valorizados no cenário internacional.

Esses projetos estão concentrados principalmente na faixa litorânea, em municípios como Touros, Rio do Fogo e Pureza. Os registros indicam o potencial geológico do estado para uma diversidade de minerais metálicos e estratégicos.

Panorama da pesquisa mineral no estado

O solo potiguar, especialmente na região do Seridó, integra a Província Mineral da Borborema, uma das mais antigas e geologicamente promissoras do Brasil. A consolidação de empreendimentos auríferos pode representar uma nova fonte de desenvolvimento econômico regional.

A pergunta agora não é mais “se” haverá uma nova era do ouro no RN. A pergunta é: estamos preparados para aproveitá-la?

 

 


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