Entre 30 de outubro e 1º de novembro, a Praia da Pipa será novamente o cenário do Festival Literário da Pipa (FliPipa), que chega à nona edição consolidado como um dos principais eventos culturais do Rio Grande do Norte. A programação gratuita reúne debates, oficinas, lançamentos de livros, cinema ambiental e saraus, celebrando o tema “Memória em Movimento” — uma reflexão sobre ancestralidade, biografia e oralidade.
O festival, realizado na Praça do Pescador e em diversos espaços parceiros da vila, reforça a integração entre literatura e turismo, dois pilares da economia criativa potiguar. Hotéis, restaurantes e cafés se tornam palcos de encontros culturais, mantendo o ambiente descontraído e, ao mesmo tempo, intelectualmente provocador que marca o FliPipa.
Entre os destaques, está a participação do jornalista e escritor Mário Magalhães, autor de Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo. Ele vem à Pipa para falar sobre a biografia de Carlos Lacerda, projeto em que trabalha há anos e que deve se tornar uma das obras mais esperadas do gênero político no país.
Lacerda, jornalista combativo e líder udenista, foi um dos protagonistas mais polêmicos da história republicana. Opositor de Vargas e Jango no seu jornal Tribuna da Imprensa, tendo o potiguar Aluizio Alves como seu braço direito, participou ativamente do golpe de 1964, mas terminou perseguido pelos mesmos militares que ajudou a levar ao poder. Sua vida — marcada por brilhos e contradições — já foi contada parcialmente em sua própria autobiografia inacabada, Depoimento, lançada postumamente nos anos 1970. O desafio de Magalhães é revisitar esse personagem com a distância histórica e o rigor de uma nova geração de biógrafos.
A programação literária também conta com Ana Miranda, Maria Valéria Rezende, João Almino, Auritha Tabajara, Eliane Potiguara, Fernanda da Escóssia e artistas como Pedro Luís e Tiganá Santana. Haverá lançamentos de obras como “Você Está Deixando a Sua Vida para Depois?”, de Natthalia Paccola, e “Meninas de Campos”, de Eloísa Paranhos, além da presença dos sebos e editoras potiguares.
Com curadoria de Dácio Galvão, o FliPipa é uma realização da Fundação Hélio Galvão e do Escritório Candinha Bezerra, com apoio do Governo do RN, Prefeitura de Tibau do Sul, Fecomércio/Sesc, Fiern/Sesi, Sebrae e outras instituições.
Mais do que um evento literário, o FliPipa confirma que a cultura, quando se alia ao turismo, não apenas movimenta a economia — mas também faz o público pensar sobre o país, sua memória e suas histórias.
A programação completa está em @flipipaoficial.