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Depois de dois anos, Petrobras entra na geração de energia renovável

 

A decisão da Petrobras de estrear na geração de energia renovável com a solar fotovoltaica retoma uma estratégia defendida ainda em 2023 pelo então presidente da estatal, o ex-senador potiguar Jean Paul Prates. Depois de mais de dois anos de debates internos, a companhia fechou seu primeiro grande negócio no setor, com a aquisição de uma participação minoritária na Lightsource bp, braço de renováveis da petroleira britânica.

Com o acordo, a Petrobras passa a formar uma joint venture no Brasil com a Lightsource bp, detendo 49,99% de participação em um portfólio de cerca de 6 GW de projetos solares em desenvolvimento. A gestão do negócio será compartilhada entre as duas empresas.

Por enquanto, apenas um empreendimento está em operação: a usina solar fotovoltaica de Milagres, no Ceará, com 212 MWp de capacidade instalada. Toda a energia gerada pela planta já está contratada no mercado até 2027.

Parte do portfólio em desenvolvimento poderá ser destinada ao abastecimento das próprias operações da Petrobras, no modelo de autoprodução. No anúncio do acordo, a estatal afirmou que a parceria cria uma “plataforma que pode agregar novos negócios em renováveis”, incluindo soluções de armazenamento de energia.

O movimento ocorre em meio à preparação da companhia para participar do primeiro leilão de baterias do país, previsto para abril de 2026. Também dialoga com a posição mais recente da diretoria, que passou a priorizar projetos de transição energética ligados a bioprodutos, em detrimento da expansão imediata de eólica e solar no mercado livre, diante do cenário de cortes de geração elétrica.

Durante a apresentação do Plano de Negócios 2026–2030, no fim de novembro, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a geração renovável só faz sentido quando há consumo próprio. “Botar essa energia na rede para jogar fora não faz sentido. Só faz sentido ter solar se o offtaker formos nós mesmos”, disse. Na ocasião, destacou que a instalação de plantas solares deverá ocorrer, prioritariamente, em refinarias — possibilidade contemplada no acordo com a bp.

A Petrobras já vinha desenvolvendo projetos solares em unidades de refino, com previsão de instalar 56 MW até 2027. No horizonte até 2030, o plano de investimentos da companhia destina US$ 13 bilhões à transição energética, sendo US$ 1,8 bilhão para geração solar e eólica onshore e US$ 4,8 bilhões para bioprodutos.

A entrada da estatal em renováveis foi uma das promessas do terceiro governo Lula, após anos de foco quase exclusivo em óleo, gás e combustíveis. No primeiro plano de negócios da atual gestão, elaborado em 2023, Jean Paul Prates defendeu que a Petrobras ingressasse no setor como sócia minoritária em projetos já estruturados, estratégia pensada para acelerar o aprendizado e reduzir riscos.

À época, a proposta gerou críticas internas, sobretudo de setores que defendiam a atuação direta da empresa no desenvolvimento de novos projetos greenfield. Desde então, a Petrobras avançou em negociações e firmou acordos de confidencialidade e memorandos de entendimento com diferentes empresas do setor, incluindo parcerias com a Shell, em captura e estocagem de carbono, e com a Equinor, em eólicas offshore.


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