A Pesquisa CNT de Opinião, divulgada nesta segunda-feira (8), mostra que, apesar da recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o eleitorado brasileiro ainda sinaliza cansaço com a polarização. Segundo o levantamento, 34% preferem um candidato que não esteja ligado nem a Lula nem a Jair Bolsonaro, contra 32% que optam por Lula ou alguém apoiado por ele e 28% que seguem com Bolsonaro ou seu indicado.
O estudo, realizado pelo Instituto MDA entre 3 e 6 de setembro com 2.002 entrevistas, revela um cenário político em movimento: Lula melhora a avaliação pessoal, amplia a vantagem sobre Bolsonaro e lidera todos os cenários de 2026, mas a demanda por uma alternativa fora do eixo tradicional mantém a disputa aberta.
Governo em recuperação
A avaliação positiva do governo subiu para 31%, enquanto a negativa se manteve em 40%. Já no desempenho pessoal de Lula, a aprovação avançou de 41% para 44%, e a desaprovação caiu de 53% para 49%. Houve também aumento das expectativas positivas da população em áreas como emprego, renda, saúde, educação e segurança.
No primeiro turno, Lula teria hoje 36,2% contra 29,7% de Jair Bolsonaro, a maior diferença entre os dois desde novembro de 2024.
Outros cenários testados confirmam a liderança de Lula:
- Cenário 1: Lula (36%), Bolsonaro (30%), Ciro Gomes (10%) e Ratinho Jr. (7%).
- Cenário 2: Lula (36%), Tarcísio de Freitas (17%), Ciro Gomes (12%) e Ratinho Jr. (10%).
- Cenário 3: Lula (37%), Eduardo Bolsonaro (15%), Ciro Gomes (12%) e Ratinho Jr. (11%).
Nas simulações de segundo turno, Lula vence todos os adversários. Seu potencial de voto é de 48,4%, contra 40,2% de Bolsonaro, 37,2% de Tarcísio, 46,2% de Ciro e 35,3% de Ratinho Jr.
A pesquisa também investigou percepções sobre temas centrais:
- Julgamento de Jair Bolsonaro: maioria espera condenação, mas o país se divide sobre a justiça da decisão e o eventual local de cumprimento da pena.
- Tarifaço dos EUA: a população teme impactos negativos na economia e defende mais negociação e menos enfrentamento por parte de Lula. Eduardo Bolsonaro é apontado como um dos que mais prejudicaram o debate.
- Crime organizado: há forte percepção de que as leis são frágeis. A maioria pede penas mais duras, bloqueio das fontes de financiamento das facções e mais ações sociais.
Para Marcelo Souza, diretor do Instituto MDA, os dados mostram que Lula tem resiliência política, mas ainda não conseguiu atrair uma parte decisiva do eleitorado.
“Existe um terço do eleitorado que rejeita tanto Lula quanto Bolsonaro. Isso abre espaço para candidaturas alternativas e deixa a disputa em aberto até 2026”, disse.