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Como um almoço do Dia dos Pais quase parou o Brasil

O que você estava fazendo no último Dia dos Pais? Provavelmente, almoçando com a família. Mas enquanto a maioria dos brasileiros desfrutava da refeição, os técnicos do Operador Nacional do Sistema (ONS) estavam em uma corrida contra o tempo para evitar um colapso na rede elétrica do país.

A razão? O sol forte.

Parece estranho, mas foi exatamente isso que aconteceu, conforme detalhado em uma reportagem de Pedro Lovisi para a Folha de S.Paulo. Naquele domingo, a energia gerada pelos painéis solares em telhados de casas e comércios —aquela que a gente vê em todo lugar e que muitas vezes fica fora do radar dos operadores— atingiu quase 40% da geração total do país.

Quando "demais" é um problema

Com tanta gente em casa e o consumo baixo, o sistema elétrico do Brasil se viu em uma situação delicada: mais energia sendo gerada do que consumida. Para evitar uma sobrecarga, que poderia danificar as linhas de transmissão e distribuição, o ONS precisou agir rapidamente. A primeira medida foi desligar algumas hidrelétricas, nossa principal fonte de energia. Mas não foi o suficiente. Eles tiveram que cortar a injeção de 17,5 GW de energia eólica e solar, basicamente o equivalente a toda a produção dessas fontes no horário de pico.

Esse tipo de evento, embora atípico, já aconteceu antes, em 4 de maio, também um domingo. Isso mostra um gargalo crescente no sistema elétrico nacional.

O RN é líder em energia eólica

Para nós aqui do Rio Grande do Norte, esse debate sobre o excesso de energia é especialmente relevante. Afinal, nosso estado é o maior produtor de energia eólica do país, com uma capacidade instalada que ultrapassa 9 GW, representando quase 32% da geração nacional. Além disso, a energia solar tem crescido exponencialmente em nosso território.

A matéria da Folha de S.Paulo explica que essa falta de controle sobre a energia "difusa", como a gerada em telhados, é um dos grandes desafios. O ONS não consegue saber exatamente quanta energia está sendo gerada por esses pequenos painéis, o que dificulta o planejamento e os força a regular as grandes usinas, como as hidrelétricas e até mesmo os parques eólicos, para manter o equilíbrio.

O dilema das energias renováveis

O excesso de sol e vento, que parece uma coisa boa, pode gerar problemas. Por outro lado, a falta dessas fontes — como acontece no início da noite, quando a energia solar vai a zero e a demanda aumenta — também exige que o ONS acione rapidamente outras fontes, como termelétricas e hidrelétricas.

Toda essa volatilidade tem um custo, e quem sofre são as empresas que geram energia eólica e solar. Elas perdem dinheiro quando a produção é cortada e não recebem ressarcimento, um prejuízo que, segundo elas, afasta novos investimentos no setor.

 


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