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Exportações em alta impulsionam porto de Natal, mas tarifaço de Trump preocupa setor produtivo

O Porto de Natal registrou um crescimento de 2,86% na movimentação de cargas nos cinco primeiros meses de 2025, alcançando 397 mil toneladas. O principal impulso veio da exportação de frutas, que saltou de 46,4 mil para 131,5 mil toneladas em comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar do desempenho positivo, o setor produtivo potiguar já acende o sinal de alerta: a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros pode comprometer essa trajetória no segundo semestre.

A movimentação positiva do Porto de Natal acompanha uma tendência observada em outros terminais do Nordeste. O Porto de Itaqui, no Maranhão, movimentou 13,1 milhões de toneladas de janeiro a maio, com alta de 12%, puxada por fertilizantes, soja e petróleo. Já o Porto de Salvador cresceu 1,52%, alcançando 2,9 milhões de toneladas, especialmente via cabotagem. No total, os portos nordestinos movimentaram mais de 33,5 milhões de toneladas no período, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Estados Unidos são destino estratégico para o RN

No primeiro semestre de 2025, as exportações do Nordeste para os Estados Unidos somaram US$ 1,58 bilhão, o equivalente a R$ 8,7 bilhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. O Ceará liderou as vendas, com US$ 557 milhões, seguido por Bahia (US$ 440 milhões), Maranhão (US$ 335 milhões) e Pernambuco (US$ 54 milhões).

O Rio Grande do Norte não aparece entre os maiores exportadores, mas tem nos Estados Unidos um dos seus principais mercados. As exportações potiguares para o país somaram US$ 67,1 milhões entre janeiro e junho, um crescimento de 120% em relação ao mesmo período de 2024. O volume representou 15,3% de tudo o que o RN exportou no semestre, colocando o estado na quinta posição entre os mais afetados pelo chamado “tarifaço”.

Setores mais impactados

Entre os setores mais expostos à nova tarifa estão a pesca, a fruticultura, o sal marinho e o petróleo. No caso da pesca, cerca de 80% da produção exportada tem os EUA como destino. O Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca) estima um prejuízo anual de até R$ 270 milhões para o setor, com risco de perda de aproximadamente 5 mil empregos diretos e indiretos.

O sal potiguar também está na mira da tarifa. Atualmente, 25% da produção do RN é enviada aos EUA. Com a nova taxação de 50%, o produto local perde competitividade em relação a concorrentes que pagam tarifas menores, o que pode inviabilizar parte das vendas.

Outro setor sensível é o da fruticultura, que começa sua safra justamente em agosto, mês previsto para a entrada em vigor da tarifa. O temor é de que produtores reduzam o ritmo de plantio e colheita, afetando toda a cadeia produtiva. Já o petróleo e derivados, que movimentaram US$ 24 milhões em exportações para os EUA no semestre, também estão sob risco de perdas.

Perdas podem chegar a R$ 16 bilhões no Nordeste

Um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o impacto total da tarifa para o Nordeste pode chegar a R$ 16 bilhões por ano. No caso específico do RN, a Federação das Indústrias do Estado (Fiern) prevê a perda de até 21 mil empregos na indústria, caso a medida se mantenha sem flexibilização.

 


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