Dez anos depois que a então presidente Dilma Roussef virou motivo de piado quando disse no discurso de abertura da sessão da ONU, em 2015, que era preciso “estocar vento”, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), anunciou ontem durante o Fórum Brasileiro de Líderes em Energia no Rio de Janeiro que a portaria do leilão de reserva de capacidade de projetos de armazenamento de energia será publicada até o final de maio.
Na prática, esse leilão é para contratar baterias que atuem com outras fontes de energia renovável, especialmente a eólica, que produz energia a partir do vento, para armazenar entre 1 e 2 Gigawatts de energia. Esse sistema de baterias armazenará a produção para usar em períodos de seca em que as hidrelétricas diminuem sua capacidade de geração, obrigando o acionamento das termoelétricas.
Esse Sistema de Armazenamento de Energia com Baterias basicamente é uma tecnologia que permite coletar e armazenar energia elétrica quando ela está disponível para uso posterior. Ou seja, o Brasil quer armazenar não propriamente o “vento”, mas a energia produzida por ele. Ou seja, Dilma estava certa.
A ex-presidente, na verdade foi visionária, porque hoje com o crescimento da energia solar com grandes empresas instalando parques gigantescos, inclusive um deles em Assu, já em instalação, a produção de energia a partir do sol já representa 6,4% da capacidade do sistema de geração instalada, com 14.4 milhões de MW.
Hoje, o Brasil também tem 31,6 milhões de MW instalados pelos chamados micro-produtores que são aqueles sistemas colocados nos tetos das casas. Apenas esses micro geradores já representam 14,4% de todo o parque brasileiro. Em resumo, o Brasil tem energia sobrando e precisa estocar essa energia para regular o mercado.
A expectativa do governo é que o primeiro certame para contratar baterias no país ocorra ainda este ano e o ministro Silveira já anunciou que vai à China para conhecer projetos de armazenamento de companhias chinesas.
Dilma tinha razão.