No dia 12 de março de 2020, uma nota conjunta da Sesap e SMS confirmava o primeiro caso de Coronavírus em Natal. A confirmação veio após uma análise laboratorial realizada pelo Instituto Evandro Chegas, do Pará, então referência nacional para os exames da Covid 19.
Reviver essa data cinco anos depois é passar pela mente um período de incertezas e muita insegurança. Quando a OMS confirmou ter sido informada de casos de uma pneumonia de causa desconhecida na China, em 3 de janeiro de 2020, então com 44 casos confirmados, não se deu muita atenção ao assunto que aos poucos foi ganhando o mundo e a atenção das pessoas.
No final de janeiro, começaram a aparecer as imagens do isolamento social imposto na cidade de Wuhan, na China, onde apareceu o vírus, e começamos a ver imagens até então inimagináveis de ruas desertas, pessoas com máscaras, e órgãos públicos cuidando de mandar as pessoas para casa. Uma cena que depois passou a se repetir em todo o mundo.
No Brasil, o primeiro caso confirmado foi de um homem que veio da Itália no final de fevereiro. O país já tinha passado pelo carnaval e a doença se espalhava rapidamente. O sistema de saúde começa a colapsar. Muitos profissionais de saúde contaminados, hospitais lotados, UTIs sem vagas para receber os pacientes, serviços funerários sem ter como atender a demanda. E os tristes relatos de casos de pessoas morrendo sem ar porque nem respiradores havia para todos.
Aqui em Natal, assisti de perto a angústia diante das cobranças ao Poder Público para fazer alguma coisa. Na Prefeitura, tínhamos que comunicar sobre os perigos da doença, as formas de contaminação, a necessidade do distanciamento, ao mesmo tempo em que milhares de pessoas ficavam sem ter de onde tirar o sustento do dia a dia.
No dia 04 de maio, menos de dois meses depois do primeiro caso confirmado, a Prefeitura conseguiu inaugurar o Hospital de Campanha, no local onde funcionara o Hotel Parque da Costeira. que na época estava fechado aguardando um leilão pela Justiça do Trabalho para pagamento de dívidas.
A partir dali, o prefeito/médico Álvaro Dias, na época no PSDB, foi pouco a pouco assumindo, no começo involuntariamente, um antagonismo com a governadora Fátima Bezerra, que preferiu pulverizar suas ações na área da saúde em diversos hospitais pelo Estado afora.
Os dois tinham um bom relacionamento quando eram deputados estaduais. Ele, presidente da Assembleia, apoiou inclusive uma chapa Fátima/Leonardo Arruda em Natal nas eleições de 2000, mas a partir dali começaram a se afastar cada vez mais.
O fato é que um assumiu o protagonismo, inclusive com a presença física em locais como hospital, e ações de grande visibilidade como os centros de testagem com enormes filas de automóveis, distribuição de cestas básicas para as famílias dos alunos da rede municipal de ensino, e depois com os centros de vacinação que ficaram a cargo dos municípios.
O governo não conseguiu transmitir a mensagem e tornar visíveis suas ações no atendimento médico, já que nas demais ações o papel do governo do Estado era mais de coordenação. Sem um hospital visível, com decretos que visavam fechar as atividades e insistiam no isolamento desaprovado por quem precisava sair às ruas para ganhar o pão de cada dia e pela classe empresarial temerosa dos efeitos dessas medidas no futuro dos negócios, Fátima e o PT enfrentaram um desgaste que se aprofundou com a politização da pandemia em todo o mundo e também aqui.
Mesmo assim, a governadora conseguiu reverter o desgaste e se reeleger no primeiro turno em 2022. Álvaro se reelegeu em primeiro turno prefeito em 2020.
Poderá ser um tira-teima em 2026?