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Audiência na Assembleia discute desafios da adolescência

A Assembleia Legislativa promove nesta terça-feira (10), às 9h, uma audiência pública para discutir um dos temas mais delicados da atualidade: a adolescência. O evento, que também marca o lançamento da nova campanha institucional da Casa, tem como objetivo incentivar o diálogo entre pais e filhos, num momento em que os jovens enfrentam crescentes desafios emocionais, sociais e digitais.

A iniciativa é do presidente da Assembleia, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), que destaca a urgência da discussão. Segundo ele, é preciso enfrentar de forma direta os obstáculos vivenciados pelos adolescentes, criando um ambiente mais seguro e acolhedor para essa geração. “Falar sobre adolescência é uma necessidade urgente, especialmente diante dos desafios sociais, emocionais e digitais que os nossos jovens enfrentam atualmente”, afirmou o parlamentar. “Esse debate, assim como a campanha, contribui para fortalecer as famílias, orientar políticas públicas e promover um ambiente mais preparado para ouvir e compreender essa geração.”

Dados de saúde pública chamam atenção: o Rio Grande do Norte tem a maior taxa de obesidade entre adolescentes do Nordeste, com 10,85% dos jovens afetados, além de 20,35% com sobrepeso. A má alimentação, aliada à falta de atividades físicas e ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos, tem gerado consequências também para a saúde mental.

Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) revelou que 71,2% dos adolescentes do estado sofrem com má qualidade do sono. O problema está diretamente relacionado a sintomas de ansiedade, depressão e a uma sensação crescente de isolamento, principalmente entre aqueles que não dispõem de uma rede de apoio familiar e comunitária sólida. A chamada “nomofobia” — medo de ficar sem o celular — tem se espalhado silenciosamente entre os jovens, como alerta a deputada estadual Cristiane Dantas (SDD), que também participa da audiência. Segundo ela, o vício em dispositivos móveis pode acarretar perda de rendimento escolar, déficit de atenção e agravar transtornos emocionais.

Além da saúde física e mental, os adolescentes potiguares ainda enfrentam o espectro da violência. Em regiões como Mossoró, que concentra cerca de 14% dos adolescentes do estado, ocorrem aproximadamente 20% das mortes por causas externas entre jovens dessa faixa etária. Em 2021, segundo dados do Observatório da Violência, 76% das mortes de adolescentes foram causadas por agressões. Internações por acidentes e violência representam três em cada quatro ocorrências hospitalares entre meninos potiguares.

Diante desse cenário, a audiência pública pretende ser mais do que um espaço simbólico. Especialistas convidados para o debate, como a psicóloga e escritora Débora Sampaio, apontam a necessidade urgente de promover escuta ativa nas famílias e nas instituições. “Ansiedade, depressão e comportamentos de risco como jogos e desafios mortais crescem de forma silenciosa. Pais precisam compreender essa fase e não julgar”, defende a profissional, que se tornou referência nacional em estudos sobre adolescência.

A expectativa da ALRN é que o evento resulte não apenas em conscientização, mas também no encaminhamento de políticas públicas capazes de dar respostas concretas a essa geração que cresce em meio a incertezas e pressões cada vez mais intensas. Para isso, será preciso integrar ações de saúde, educação, assistência social e cultura, garantindo apoio real às famílias e valorizando o protagonismo juvenil em espaços de escuta e participação.

 


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Heverton de Freitas