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Fatos da semana isolam Bolsonaro

A semana termina com dois assuntos que irão refletir no cenário político do próximo ano. Uma foi a Assembleia Geral do ONU com a química que pintou entre os presidentes americano e brasileiro, depois de uma visitinha que Donald Trump recebeu do seu doador de campanha, o brasileiro Joesley Batista.

Outro foi o enterro pelo Senado, sem honra e em boa hora, da PEC da Bandidagem aprovada na semana anterior na Câmara dos Deputados.

Os dois fatos foram uma ducha de água fria nas pretensões da família Bolsonaro.

A começar pela PEC. Embora tenha sido aprovada com votos de vários partidos, inclusive do PT, a malfadada proposta para blindar os parlamentares de investigações de qualquer espécie pela Justiça ficou com a cara da direita, em especial o bolsonarismo, por ter sido “vendida” como uma reação do Legislativo ao STF.

O senador Rogério Marinho deixou isso bem claro ao votar contra a PEC na CCJ do Senado ao  lembrar que era uma ração ao que considera uma invasão de prerrogativas por parte do STF sobre o Legislativo e cobrar uma reação do Senado da República.

O STF, em especial os ministros que não foram indicados pelo ex-presidente Bolsonaro, se tornaram os principais inimigos do bolsonarismo e ainda mais depois da condenação do ex-presidente a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Na política às vezes o que parece ser tem muito mais força do que efetivamente é. No caso, a PEC pareceu uma vendeta do bolsonarismo contra o STF em conluio com uma tentativa de parlamentares do centrão de se livrarem de investigações já em andamento no Supremo sobre desvio de dinheiro com as emendas parlamentares. Mesmo que lembrem que 12 deputados do PT e boa parte da bancada do PSB votaram a favor, o que se ficou para a opinião público foi isso.

De outro lado, o encontro, ao que parece nada fortuito, entre Lula e Trump na ONU acabou criando um clima de expectativas sobre o que o americano quer mesmo em relação ao Brasil e até onde irá passar por cima dos interesses de grandes investidores americanos, inclusive brasileiros, só para salvar Bolsonaro.

No oficial, Lula não citou Trump, mas deixou claro que se referia ao presidente americano quando disse que o Brasil esteve sob ataque e optou por resistir e defender sua democracia. "Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia."

Falou do julgamento de Bolsonaro como uma mostra da força da democracia brasileira, defendeu o multilateralismo entre países (numa crítica a Trump, que agora só negocia país com país), que democracia existe também com salários iguais entre homens e mulheres, defendeu o Estado Palestino, criticou ferozmente o genocídio em Gaza e pediu compromisso sério com as metas climáticas na COP30. E ainda disse que a solução para Ucrânia e Rússia não seria militar.

Trump, por outro lado, disse que a mudança climática é a maior farsa da história. Que energia verde só leva os países à falência. Defendeu a exploração do petróleo. Rejeitou o reconhecimento do Estado Palestino e disse que isso seria dar uma recompensa ao Hamas e ainda falou em corrupção judicial e censura a americanos, se referindo ao Brasil.

Mas, mais uma vez, a percepção que ficou foi do improviso do presidente americano ao se referir a Lula, abrindo as portas, até então fechadas, para um diálogo.

Ninguém sabe no que isso vai dar, mas os dois presidentes devem efetivamente voltar a se falar. Resta saber se o americano irá mesmo continuar endurecendo o jogo o Brasil ou já viu que suas sanções não impediram o STF de condenar Bolsonaro, nem tampouco fizeram avançar o projeto de anistia para o ex-presidente ou levaram multidões às ruas pedir a soltura de Bolsonaro.

A semana também trouxe mais problemas com Eduardo Bolsonaro abrindo a metralhadora contra Tarcísio de Freitas, Ciro Gomes, Valdemar da Costa Neto e o PL e até garantindo que será candidato, caso o pai não possa ser, no mesmo dia em que a madrasta Michele disse também que poderá ser candidata se for a “vontade de Deus”.

O governador paulista já vendo a bagunça onde poderá se meter voltou a focar na reeleição em São Paulo onde é amplo favorito para uma reeleição embora não tenha fechado as portas para as costuras que vinha fazendo com o Centrão, mas deu sinais de que não está disposto a deixar essa posição confortável para enfrentar uma disputa em que poderá estar Lula e um membro da família Bolsonaro,

Como se fosse pouco, o presidente da Câmara, Hugo Mota, barrou a indicação do PL para Eduardo Bolsonaro ser líder da minoria e assim manter o mandato de deputado, mesmo estando nos Estados Unidos.

O Conselho de Ética da Câmara decidiu abrir o processo disciplinar contra o deputado que mora nos Estados Unidos, e isso pode levar à sua cassação e a Procuradoria Geral da República o denunciou criminalmente ao Supremo por coação à Justiça.

O ex-presidente, por sua vez, sem acesso às suas redes sociais e cumprindo as medidas cautelares impostas por Alexandre Moraes para não acabar na Papuda, está sem ter como reagir ao cerco. 

Dos EUA, Eduardo Bolsonaro está irritando o próprio pai que vê sua situação piorando pela radicalização do filho. A última foi ele e seu fiel escudeiro Paulo Figueiredo agora querem que o governo Trump tire o visto do chefe do Exército, o general Thomas Paiva.

Será que Trump vai seguir nessa guerra pelos Bolsonaros ou vai querer parar?

 

 


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