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EUA estão de olho no Pix desde 2022

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado e operado pelo Banco Central (BC), está no radar das autoridades comerciais dos Estados Unidos desde, pelo menos, 2022.

O governo norte-americano avalia os possíveis impactos do crescimento da plataforma brasileira sobre empresas de tecnologia e serviços financeiros dos EUA, como a Meta (proprietária do Facebook, Instagram e Whatsapp) e as empresas de cartão de crédito.

O alerta foi feito no relatório anual do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), publicado há três anos, e voltou à tona nesta quinta-feira, 16, quando a agência anunciou a abertura de uma investigação formal contra práticas comerciais brasileiras, incluindo o estímulo governamental ao uso do Pix, implementado em 2020, ainda no governo Bolsonaro.

Analistas apontam que as críticas ao Pix podem estar relacionadas ao fato de um sistema que é gratuito, público e amplamente difundido, competir diretamente com serviços privados, como operadoras de cartão de crédito e plataformas privadas como o WhatsApp Pay, da Meta.

Segundo dados do Banco Central, o Pix movimentou R$ 26,4 trilhões em 2023, e se consolidou como o maior entre os sistemas de pagamento mais utilizados no país.

Uma das possíveis motivações para a reação do governo Trump está na suspensão, em 2020 (ainda no governo Bolsonaro), do WhatsApp Pay no Brasil. Em junho daquele ano, a Meta, empresa de Mark Zuckerberg, anunciou que o país seria o primeiro do mundo a permitir transferências de dinheiro pelo aplicativo. A operação usaria cartões de crédito e débito cadastrados no app.

Menos de uma semana após o anúncio, o BC e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suspenderam a funcionalidade. Conforme as autoridades brasileiras, era necessário analisar riscos à concorrência e garantir o funcionamento seguro do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

Com a abertura da investigação comercial pelo USTR, cresce o interesse internacional sobre o papel do Pix no cenário global de meios de pagamento. O sistema brasileiro começa a ser visto também como uma alternativa ao dólar em algumas transações, o que intensifica o debate geopolítico em torno da sua expansão e as tensões entre Brasil e EUA.


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