Quase metade dos brasileiros ouvidos na nova rodada da pesquisa Latam Pulse patrocinada pela Atlas Intel e Bloomberg admite que apoiaria um governo não democrático se este fosse capaz de resolver problemas graves como o desemprego e a violência.
Os dados mostram baixa confiança nas instituições: apenas 33% confiam no Congresso Nacional, 41% no STF e 37% no sistema de Justiça. A representatividade dos partidos políticos também é mal avaliada: somente 25% acreditam que essas legendas representam bem a sociedade.
Mostrando a confusão na cabeça do cidadão comum, A pesquisa também explorou a relação da população com a democracia. A maioria absoluta — 83% — concorda que a democracia é a melhor forma de governo, mas apenas 42% estão satisfeitos com o seu funcionamento no Brasil.
Cenário eleitoral
O dado preocupante é reflexo também do cenário político polarizado que continua movendo os brasileiros. A pesquisa mostra que o país segue dividido entre a liderança dele e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Repetindo o cenário das eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguem como os nomes centrais da política brasileira e lideram as intenções de voto. Lula aparece com 38% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro soma 35%. Ciro Gomes alcança 9%, Simone Tebet tem 4%, e 10% dos entrevistados dizem que votariam em branco, nulo ou ainda estão indecisos.
A pesquisa também simulou cenários alternativos. Em um eventual segundo turno entre Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o presidente venceria com 49% contra 41%, com 10% de eleitores ainda indefinidos. Os dados confirmam que o eleitorado segue polarizado entre Lula e Bolsonaro, mas abrem espaço para novas lideranças, especialmente no campo da direita moderada, onde Tarcísio aparece como nome competitivo.
Além da fotografia eleitoral, o levantamento revela a temperatura política, social e econômica do país às vésperas da disputa de 2026. Realizada entre os dias 27 e 30 de junho com 2.621 pessoas em todo o território nacional, a pesquisa mostra que Lula não conseguiu reverter os índices de desaprovação. Segundo os dados, 47% dos entrevistados aprovam seu desempenho, contra 48% que desaprovam. A avaliação do governo reflete esse equilíbrio: 41% consideram a gestão ótima ou boa, enquanto 45% a veem como ruim ou péssima. Apenas 14% enxergam o governo como regular.
Na comparação com a gestão Bolsonaro, os brasileiros avaliam que Lula tem desempenho superior nas áreas de combate à fome (54%), meio ambiente (52%) e relações exteriores (50%). Por outro lado, Bolsonaro é mais bem avaliado em segurança pública (46% contra 32% de Lula) e no combate à corrupção (43% contra 35%).
É a economia.
A economia, por sua vez, continua sendo motivo de insatisfação. O Índice de Confiança do Consumidor (CCI), calculado pela AtlasIntel, ficou em -19 pontos, refletindo um ambiente de pessimismo, especialmente quanto à situação atual. Para 65% dos brasileiros, os preços aumentaram muito nos últimos seis meses. E 51% acreditam que a inflação continuará alta até o fim do ano. A expectativa para a economia nos próximos seis meses divide opiniões: 36% estão otimistas e acham que a situação do país vai melhorar, enquanto 33% esperam piora.
As maiores preocupações da população são a inflação (citada por 36% dos entrevistados), a corrupção (30%), o desemprego (28%) e a criminalidade (26%). A educação também aparece com destaque, mencionada por 21% dos entrevistados como uma das principais questões do país.
No que diz respeito às redes sociais, o debate também divide opiniões. Para 62% dos entrevistados, é necessária uma regulação mais dura das plataformas digitais, especialmente nos casos de discurso de ódio, desinformação e incitação à violência. No entanto, 54% veem com preocupação uma regulação feita pelo Supremo Tribunal Federal, por considerarem que ela pode representar ameaça à liberdade de expressão.
